Um editor estrangeiro conta o caso de um romancista de folhetim, que
escrevia romances e artigos a tanto por coluna, e que, sendo uma vez incumbido de escrever
um romance nessas condições, para uma revista semanal, compôs uma obra muito
interessante, mas cuja publicação levou muitas semanas, pois tinha passagens como a
seguinte:
- E tu o ouviste?
- Com certeza.
- Como?
- Através da parede.
- Quando?
- Hoje.
- Portanto, ele está vivo.
- Está!
- Ah!
O editor mandou chamá-lo e disse-lhe:
- Daqui em diante, pagar-lhe-ei o romance por letras e não mais por linhas. O senhor
receberá tanto por mil letras.
O romancista, com cara de quem comeu e não gostou, retirou-se; mas, já no capítulo
imediato da história introduziu um novo personagem gago e, assim, pôde encher o
capítulo de passagens como esta:
- C-c-c-creia n-n-no q-q-que lhe d-d-digo: eu não sou o c-c-c-criminoso. F-f-foi
m-m-minha m-m-mãe q-q-quem c-c-cometeu o c-c-c-crime.
|