A HISTÓRIA DO @
Max Gehringer - max.comedia@abril.com.br

De todos os símbolos que a Internet popularizou, nenhum chega sequer aos pés daquele "a" com complexo de caramujo, o @, que no Brasil e nos países de língua hispânica é vulgarmente tratado por "arroba".
Foi uma apropriação indébita, claro. Arroba (o nome) é uma medida de peso, e a palavra vem do árabe ar-ruba'. Originalmente, eqüivalia a 14,77 quilos, tendo sido depois oficialmente arredondada para 15 quilos. Ou mais, dependendo da cara do freguês. Mas a arroba peso e a arroba símbolo têm origens muito diferentes. Portugueses e espanhóis só fizeram com o símbolo a mesma coisa que já haviam feito séculos antes com a América do Sul: na dúvida, tomaram posse.
Só que, desta vez, não havia um Tratado de Tordesilhas para garantir a propriedade e a coisa virou uma casa de maria joana globalizada. Em inglês, o @ é at. Em chinês, wei yu. Em malaio, fala-se pada. Em hebraico, strudel. E em italiano, chicciola. E por aí vai. As palavras nem sequer se parecem umas com as outras, porque cada país "arroubou" do jeito que quis. e em nenhum lugar isso tem alguma coisa a ver com unidade de peso.
Mas quem, afinal, inventou o @? Foram os sumérios, e já lá vão seis milênios. E o que o @ significava? Gado. Isso mesmo, boi gordo. "Ora pois", diriam envaidecidos os nossos patrícios d'além mar. A história é bem interessante: durante muitos séculos, ter gado significava ter meios de subsistência ou riqueza. Da palavra latina para gado (pecus) derivou pecuária, o que até a minha avó sabe. Mas derivaram também os termos mercantis pecúlio, pecuniário e nossa conhecida especulação. Além de uma variante peculiar. Essa mesmo: peculiar. Que tem o sentido de diferente, porque só era muito rico quem tinha muito gado. Como eram poucos os ricos e muitos os pobres - tempos difíceis, aqueles... - os ricos eram muito peculiares. Principalmente os emergentes.
De volta aos sumérios, um povo que viveu ali na Ásia, ignoro se na Maior ou Menor. Sei que eles precisavam contabilizar a boiada, calcular as transações, aplicar na bolsa de futuros, essas coisas. Só que os números ainda eram grafados na base de risquinhos na vertical. Até quebravam o galho quantitativo, mas não o qualitativo: e se o sujeito comprasse dois bois e três ovelhas? "Ahá", disse um sumo sacerdote sumério, "é simples: inventamos algum símbolo que quer dizer boi". E desenhou um círculo, cortados ao meio por um traço horizontal e encimados por um "v" à guisa de chifres.
Algum mané sumério (provavelmente chamado Manéas) deve ter dito: "Olha, sumo: guisa eu não sei o que é, mas isso aí não tem cara de boi, não". O sumo com certeza soltou um suspiro de comiseração por ter que lidar com uma gentinha que não entendia patavinas de arte moderna, e só lamentou não ter nascido dali a seis mil anos, quando provavelmente o copyright de seu boizinho estilizado iria permitir que ele pudesse desfrutar dos royalties sem ter que perder seu tempo aturando manéas incultos.
O ideograma do sumo até que pegou, mas o tempo foi passando e apareceram aqueles camponeses meio chucros que, além de possuírem só miserável vaquinha, ainda tinham péssima caligrafia. E, lógico, ao invés de se alfabetizarem melhor, começaram a botar defeito no símbolo. Primeiro, tiraram os chifres. O sumo deve ter ficado possesso quando soube, mas o pessoal explicou: "É que a gente está escrevendo abreviado". Depois, começaram a pensar num jeito de desenhar aquela coisa de uma só vez, porque botar uma bolinha dentro de uma bolona com martelo e talhadeira era um saco. Como ninguém entendeu direito, a coisa ficou por isso mesmo.
Foi no Império Romano que o @ finalmente ganhou as formas light e arredondadas que ostenta até hoje. Mas os césares gostavam de ficar trocando o nome das coisas para mostrar quem é que mandava, e um belo dia o Caligula de plantão decretou: "Seguinte, galera. Zeus de hoje em diante é Júpiter, Minerva é Juno e @ é prisão de ventre. É só olhar para o @ para ver que ele tem cara de prisão de ventre". O povo achou estranho, mas disse "Ave!" e acabou se acostumando: "Estais pálidus, ó nobre centurião. Que mal vos aflige?" perguntava o cônsul. E o centurião, segurando a barriga contraída, respondia: "@@@".
Só que o Império Romano um dia desabou, e o @ saiu voando pelo mundo, feito um passarinho sem dono. Mas, como era ornamental e decorativo, cada povo o aprisionou dentro da gaiola de sua preferência. A nossa foi a arroba. Até que finalmente a Internet chegou e botou ordem na garabulha. E, do jeito que as coisas vão, não vai demorar muito para que o @ tenha o mesmo nome no mundo inteiro. Afinal, se aprendemos a pronunciar browser, que é muito mais difícil, qual o problema em falar at? Até porque seria muita pretensão pensar que japonês ia querer falar "alôba".
Amo a Internet. Ela está repleta de sites com histórias fantásticas. Conspirações, complicações, explicações, um melhor do que o outro. Só que a maioria, infelizmente, não é verdadeira. Aliás, quanto melhor a história, mais falsa ela é. Não sei se essa historinha do @ é boa. Mas que ela é falsa, ah... isso eu garanto.

 
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