A arte de educar (Extraído do livro "A arte de Educar" - Flávio Gikovate)

Dentre todos os personagens que integram uma instituição educacional, o professor fica com o papel principal. Cabe-lhe a tarefa crucial de se apresentar várias horas por dia perante uma ou mais platéias heterogêneas e nada fácil de cativar. Os estudantes são crianças, adolescentes ou adultos jovens e nem sempre estão espontaneamente interessados nos temas que são objeto das aulas que têm de assistir. São naturalmente inquietos devido à imaturidade e não raramente sobressaltados por doses maciças de hormônios sexuais.
Ensinar é muito difícil. Emplogar os jovens e transmitir-lhes o prazer por aprender e o quanto isso pode lhes ser bom para a vida íntima é algo que faz muito bem ao professor. A interação é riquíssima; ensinar é aprender; alimentar o outro é se sentir alimentado; dar é receber. A troca que se estabelece é de uma riqueza humana rara.
Na verdade deveríamos apreciar perguntas que não sabemos responder, porque elas determinam uma inquietação que nos instiga a curiosidade e nos leva à busca do conhecimento novo.
É aflitivo quando estão atentos a nós e mais ainda quando ficam desatentos. É preciso ter coragem para ser determinado, agir assumindo para si a responsabilidade e o papel de autoridade... Nenhuma platéia será mais inquieta e difícil do que a de púberes acostumados à televisão e que venham de um ambiente familiar que não exige deles atos de respeito pelo próximo.
Porém!
Agora transmitir com paixão é privilégio do professor que ama seu ofício e os assuntos em que se especializou. Transmitir valores é prerrogativa de quem os tem.
Assim, o "bem" tenderá a vencer o "mal" pela mais inesperada das razões: o avanço tecnológico. Viver é mesmo uma aventura curiosa e fascinante!